Existem filmes engraçados, históricos, românticos, inesquecíveis. “Para sempre Alice” é um filme para ser lembrado: belo, sensitivo, essencial. Mas você não vai querer assistir duas vezes. Delineia nas telas a realidade devastadora do Alzheimer.
O filme é baseado no livro homônimo da neurocientista e escritora Lisa Genova e tem como personagem principal Alice (interpretada por Julianne Moore), uma mulher de 50 anos, bonita e bem sucedida tanto na profissão quanto na vida pessoal.
Ironicamente, a inteligente professora da Universidade de Columbia que dedicou sua vida à produção de conhecimento na área de linguística, já não encontra palavras para se expressar. E o seu universo, “De neurônios a pronomes”, vai se tornando cada vez mais nebuloso.
Ao contrário do que geralmente ocorre, Alice percebe suas dificuldades e procura um profissional para investigar sua perda de memória. E é diagnosticada com Doença de Alzheimer de início precoce.
A demência no Alzheimer é considerada precoce quando ocorre em pessoas com menos de 65 anos. Esses casos são raros e correspondem a 10% do total. Observa-se um acometimento familiar em sucessivas gerações diretamente relacionado a um padrão de transmissão autossômico dominante, ou seja, se um dos genitores for portador do alelo da doença, os filhos têm uma chance de 50% de desenvolver o transtorno. Verificam-se mutações nos cromossomos 1, 14 e 21 e é frequente nos indivíduos com Síndrome de Down.
Caracteriza-se por um declínio rápido, com marcantes e múltiplos transtornos das funções cognitivas. Afasia (perda da fala), agrafia (perda da destreza da escrita), e apraxia (perda da capacidade de efetuar tarefas que requerem padrões de evocação ou sequências de movimentos) ocorrem cedo no curso da demência. Mioclonias (espasmos musculares) também são comuns.
O devastador entendimento de que aquilo que a define é o que lhe será bruscamente tirado, marca o início da complexa trajetória de Alice. O rápido progresso da doença e suas consequências para a família é retratada de forma sensível e direta.Sua vida vai se desconstruindo - o marido se esquiva, a filha mais velha se vê diante do seu futuro após um teste genético e reconstruindo- a filha mais nova se reaproxima na dimensão do cuidado.
"Meus ontens estão desaparecendo e meus amanhãs são incertos. Então, para que eu vivo? Vivo para cada dia. Vivo o presente... Esquecerei o hoje, mas isso não significa que o hoje não tem importância."
Suas lembranças se tornam cada vez mais distantes. Seu olhar se perde para dentro de si.
Faltam-lhe as palavras, mas não o significado da sua vida: AMOR.
As lembranças que o Alzheimer apaga na memória, não as apaga no coração.
E Alice será assim, para sempre Alice...